terça-feira, 6 de novembro de 2007


Hoje ofereceste-me flores.

Rosas.

Rosas sem espinhos como eu não o sou.

Flores.

A perfeição da natureza.

Como tantas outras coisas tão perfeitas...

sexta-feira, 2 de novembro de 2007


"Transformamos a discórdia com os outros em retórica,

mas a discórdia connosco próprios em poesia."


W. B. Yeats, «Anima Hominis»

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Só para ti


Quero-te não por quem és

mas por quem sou

quando estou contigo...

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Ser poeta


Como não conseguia encontrar palavras, pedi emprestado...


Ser poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!


Florbela Espanca

sábado, 29 de setembro de 2007

Foi Deus


Não sei, não sabe ninguém

porque canto fado, neste tom magoado de dor e de pranto . . .

e neste momento,

todo sofrimento

eu sinto que a alma cá dentro se acalma nos versos que canto

foi deus, que deu luz aos olhos

perfumou as rosas,

deu ouro ao sol e prata ao luar

ai, foi deus que me pôs no peito

um rosário de penas que vou desfiando e choro a cantar

e pôs as estrelas no céu

fez o espaço sem fim

deu luto as andorinhas ai . . .

e deu-me esta voz a mim.

Se canto,

não sei porque canto

misto de ternura, saudade, ventura e talvez de amor mas sei

que cantando

sinto o mesmo quando,

me vem um desgosto e o pranto no rosto nos deixa melhor

foi deus,

que deu voz ao vento

luz no firmamento e pôs o azul nas ondas do mar

ai foi deus, que me pôs no peito

um rosário de penas que vou desfiando e choro a cantar

fez o poeta o rouxinol

pôs no campo o alecrim

deu flores à primavera ai e deu-me esta voz a mim


(Amália Rodrigues)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Sobre o ser


Choravas tu quando na vida entraste,
E riam todos porque tu nascias,
Não te vás a partir como chegaste,
Chorem todos então, e só tu rias.

(...)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Hoje


Hoje não.

Hoje não consigo escrever.

Amanhã...

Talvez...

sábado, 15 de setembro de 2007

Angels


Nem assim consigo uma resposta...
Para onde foste, onde estás agora?
Qual é esse outro plano que me querem fazer crer que tu estás?
...
Continuas sempre perto de mim.
Sempre.
Aqui.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Tempestade


Ó noite saudosa
Repleta de luz e movimento,
De chuva, de vento,
Noite de invernia anunciada,
Noite de invernia desejada...

Agora sim,
Contigo e com o mar
Enfim
Neste compasso de espera
Consigo recomeçar.

E agora que regressou a calma
Vou deixar vento
As tuas cinzas levar.

...


Ainda me sinto no vácuo, no limbo...

Até quando?!

A serenitude pasma-me e me petrifica.

E no entanto continuo a andar.

Nesta infinitude finita.

Amanhã é outro dia.

Nada como um dia atrás do outro...



Nec pluribus impar.

Nec plus ultra.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Para além do que não sei


No cristal da memória
Escutam ainda, pálidas,
as vozes de outrora.
Puras horas sem fim
Que num olhar encerra
A tarde que irrompe na garganta.
Simplesmente
Tenta ser
Pedra, areia, ou silêncio
Que agora poema
Me encerra os lábios.

Apenas...


As minhas outras palavras
São aquelas que não nascem
Que não morrem
Na infinitude do Tempo finito
Do tempo que não sabe existir.
E para lá de tudo
Do Presente
Do Passado
Há ainda a ausência
Do que persiste e insiste
E teima em lutar...

Será que o Presente
Não se confunde com o Passado?
Será que o Futuro
Não é um Presente adiado?

«Tempo, imesurável tempo,
tão fugazes são as espécies que te medem...»
(não me lembra agora o autor)

E eis que voltei a escrever...
Como no Passado;
Como no Futuro.

E não fui ver o mar...

domingo, 26 de agosto de 2007

E agora?


Agora existe o vazio. O espaço por preencher que me acompanhou em todos estes anos... e agora o que fazer na tua ausência?