
Não sei, não sabe ninguém
porque canto fado, neste tom magoado de dor e de pranto . . .
e neste momento,
todo sofrimento
eu sinto que a alma cá dentro se acalma nos versos que canto
foi deus, que deu luz aos olhos
perfumou as rosas,
deu ouro ao sol e prata ao luar
ai, foi deus que me pôs no peito
um rosário de penas que vou desfiando e choro a cantar
e pôs as estrelas no céu
fez o espaço sem fim
deu luto as andorinhas ai . . .
e deu-me esta voz a mim.
Se canto,
não sei porque canto
misto de ternura, saudade, ventura e talvez de amor mas sei
que cantando
sinto o mesmo quando,
me vem um desgosto e o pranto no rosto nos deixa melhor
foi deus,
que deu voz ao vento
luz no firmamento e pôs o azul nas ondas do mar
ai foi deus, que me pôs no peito
um rosário de penas que vou desfiando e choro a cantar
fez o poeta o rouxinol
pôs no campo o alecrim
deu flores à primavera ai e deu-me esta voz a mim
(Amália Rodrigues)
3 comentários:
As palavras e a voz aqui lembradas por ti.
Beijinhos
*
luz no firmamento
e pôs o azul nas ondas do mar
,
o mar, omnopresente
*
Adorei a imagem, aliás sou um grande apreciador de uma boa imagem. Quanto a mim, amante das letras, gosto imenso de ler as metáforas e os gestos espalhados em imagens, e quando acompanham um texto, poético ou em prosa, então, aí, tento logo decifrá-los.
lindo poema.
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